O Jogo
Vivo num estádio iluminado por virtudes e vaidades. Um estádio que tantas vezes é demasiado grande para este Mundo e que tantas outras vezes é estranhamente pequeno para determinados corações.
De um lado existe uma claque que entoa o meu nome ao ritmo de uma melodia da moda, do outro lado uma outra claque com gritos que me elevam até ao mais antigo dos insultos. Eu estou no meio campo. Sozinho. Demasiado longe das duas balizas para fazer a diferença entre ser e não ser ou ter sido. Estou sobre uma relva humilde, subjugada a minha vontade, com o poder dos pequenos deuses, que se ocupam com as pequenas coisas que raramente interessam a todos os outros.
Neste campo não existe tinta branca a fazer as marcações de territórios por conquistar existe sim altos muros de um ar denso demais para eu poder contrariar. As altas bancadas são construídas por ausências de todos aqueles que se negaram a me aplaudir. O arbitro esqueceu-se da bola, algures num olhar vazio do passado que apenas o permitiu transformar num ser perfeito, alheado por excessiva fé, presente num corpo onde o sangue que circula se limita a arrefecer.
Os adversários apresenta-se armados por ironias maltratadas e palavras insubordinadas que me obrigam a um jogo defensivo, apenas aberto por espaços de medo que um dia uma criança abriu.
Tudo o que desejava era ter uma bola.
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