sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pastoral

Por ser tão leve o teu passar
Na estrada, à tarde, quando vens
De pôr o gado que não tens,
a pastar...

Por ser tão brando o teu sorrir,
Tão cheio de feliz regresso
Do longe prado, onde apeteço
contigo ir...

Por ser tão breve o teu querer
Alguém que de perto de ti passe
E, porque a tarde cai, te abrace.
Sem nada te dizer...

Por ser tão calmo o teu sonhar
Que já é tempo de não ter
Esse rebanho de pascer,
Mas outro de amamentar...

É que eu me perco no caminho
Do grande sonho sem janelas,
de estar contigo no moinho,
Sem o moleiro nem as velas.


Carlos Queirós