segunda-feira, outubro 15, 2007


Juntos fomos a explosão,

Fomos o rebentar de bombas sentimentais

O tiroteio de beijos intranquilos

E de breves prazeres carnais.

Fomos o atropelamento do amor

Pela violência do querer,

O disparar de lágrimas exaustas

Pelo medo de perder.

Eu te matei

Tu me assassinas-te

Eu te violei

Tu me violas-te.

Foste a bala que me penetrou

Na ferida infectada

E o remédio que me curou,

Foste o tudo e o nada.

Agora enterras-te a faca da duvida

No meu peito exibido

Sem a anestesia das palavras.

Sinto falta do nosso amor entretido.

O nosso jogo ficou zero zero

Um empate sem sabor.

Cruzamos sem bater

num extinto cruzamento

onde arranquei o sinal de Stop

para não evitar o acidente.

Voamos baixinho

Colados a um asfalto macio

Na direcção contraria da vida

Até aquela casa fria

De cores meigas

mas sem cantos

Que me prometes-te um dia.

Adormeces-te a olhar os quadros pendurados

Nas paredes vazias,

Adormeces-te todos os dias

Em que te dizia Bom Dia

Mas nesse tempo eu já não dormia.

Paras-te num sinal sem stop

Agora é tarde para bateres em mim.

Acabamos zero a zero,

Sem espectáculo

Cruzamos duas vidas sem garra

E acabamos numa vida sem amor.