quinta-feira, abril 13, 2006

Eu tenho essa urgência.


É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.


É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.


Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, abril 12, 2006


Sou uma pessoa perfeita... sou perfeitamente desorganizado, sou perfeitamente preguiçoso, sou perfeitamente distraído, sou perfeitamente atrasado, sou perfeitamente convencido , sou perfeitamente orgulhoso, sou perfeitamente guloso, sou perfeitamente irracional...

terça-feira, abril 11, 2006

Eu não sei


Não sei, nem gosto de usar a pontuação dos outros, quando a tenho de usar perco o ritmo, a alegria, o entusiasmo... peço licença a ti Deus da pontuação que não me obrigues a usa-la. Deixa usar a minha própria pontuação, sem regras, sem formalidades mas com o ritmo da minha linguagem que é a minha melhor forma de expressão. A bem dizer gostar gostar, só gosto de usar o ponto de exclamação e as reticencias. Odeio usar o ponto final, acho que as coisas nunca estão terminadas para que eu possa usar um ponto final, detesto igualmente usar o ponto de interrogação, parece que fico obrigado a dar uma resposta, e respostas eu ainda tenho poucas e não as quero dar! Abençoada confusão que vai na minha pontuação, que Deus a proteja das mãos impuras que lhe querem dar uma correcção...

Dois

Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objectos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
... Sempre...
... A se olharem...
Pensar talvez:
"Paralelos que se encontram no infinito..."
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

Pablo Neruda (Obrigado Pablo amigo!)

segunda-feira, abril 10, 2006

Tu sabes quem és.

És a minha melhor amiga, não sabes disso nem eu te vou dizer, não precisas de saber... mas és. És tu que me amparas as lágrimas que eu não quero chorar, és tu que me acaricias o sorriso que não sei parar... És tu que me dás aquele beijo na testa que me enche de confiança para o resto da vida. Preciso de um espaço à minha volta porque tu sabes que só assim eu sei amar. Eu amo-te e tu estas sempre no meu espaço embora eu não te deixe entrar porque tu já estas dentro de mim e eu não posso, não sei, nem quero tirar-te daqui.

Sorri, sorri sempre


Sorri, sorri sempre nem que não seja para mim. Se sorrires para outro sabes que morro, mas morro mais depressa se deixares de sorrir. Peço-te, deixa-me viver no teu sorriso por um segundo e entao eu viverei eternamente, porque sorrisos como o teu vivem para sempre, pelo menos na alma deste pobre desgraçado, que vagueia pelo mundo apenas para captar um momento, onde tu sorris... e tu sorris-te... e então eu já vivi o suficiente.

domingo, abril 09, 2006

Não chamem isso as senhoras...

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cléopatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda à pouco morreu (diz a gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.

Bocage!

Dá-me tempo


Eu sei que o tempo não pára, as vezes queria que ele parasse para ter um pouco mais de tempo, mas ele continua a avançar inapelavelmente, sem remorsos dos que deixa para trás, ele segue sempre e por vezes falta-me a força para o seguir, chamo por ele mas ele não espera e eu fico tão cansado que dou por mim a ver passar o tempo... e vou ficando para trás... ele não espera... eu já não o chamo... mas até que de um momento para o outro eu percebo que o tempo não existe fora de mim, o tempo já não passa por mim porque eu deixei de ver passar o tempo e passei a ser eu próprio o relógio do meu tempo...

E assim eu abri os olhos e vi a luz...

... estava equivocado, vivia uma vida que não era a minha, num mundo que não era o meu, onde existiam tantas pessoas que falavam comigo e não me diziam nada, ou se diziam, eu não as ouvia. Talvez eu vivesse no meu mundo, ou talvez eu para viver não precise de um mundo mas sem duvida que preciso de mim para viver, talvez não precise de ti... se calhar até preciso mas não vou-te confessar, talvez eu precise de todos e talvez ainda todos sejam poucos para que eu realmente possa viver. Talvez eu afinal vivesse a minha vida, no meu mundo mas vivia da forma errada, mas agora eu vejo a luz, agora não posso fechar os olhos outra vez... para a proxima é bem provável que já não exista mundo onde eu possa viver nem luz que eu possa ver... agora vou mas é viver a vida que eu tenho e fazer dela a minha vida.